Eis a questão. Com moletom estampado com o rosto da filha, garrafinha rosa da WePink — sua marca de beleza — e muitos goles d’água, a influencer Virginia Fonseca protagonizou uma das sessões mais atípicas já vistas no Senado.

O depoimento foi marcado por momentos um tanto quanto incomuns, como o pedido de selfie feito por um senador e o instante em que Virginia tentou beber do microfone achando que era o canudo.

Mas, afinal, qual é o propósito da CPI?

De maneira direta: Investigar a promoção, por figuras com milhões de seguidores, por jogos de azar, as famosas bets, que movimentaram de R$ 20 a R$ 30 bi por mês no Brasil durante o primeiro trimestre deste ano.

A CPI quer entender até que ponto influenciadores como Virginia — com +50 milhões de seguidores — ajudam a normalizar o vício em apostas, vendendo jogo como oportunidade disfarçada.

Na sessão, Virginia disse que sempre alertou sobre os riscos e que nunca lucrou com as perdas dos seguidores. No entanto, usou o direito ao silêncio para não revelar os valores dos contratos com plataformas como Blaze e Esportes da Sorte.

A senadora Soraya Thronicke, relatora da comissão, falou em “caixa da desgraça alheia”, ou seja, influenciadores que lucram com as perdas do público. Por outro lado, o senador Cleitinho elogiou Virginia e disse que ela é “geradora de riqueza” e que os políticos não têm moral para julgá-la.

A CPI seguirá ouvindo outros influenciadores e representantes das bets.

Bottom-line: Ao longo de seu depoimento, um comentário chamou a atenção: Virginia relatou que a WePink faturou R$ 750 milhões em 2024. Para se ter uma breve noção, apenas 252 empresas listadas na Bolsa brasileira faturaram mais do que isso.